Lithanm

10º dia do Eleint.

Só existe uma razão para eu ainda estar vivo: eu vou matar esse elfo. Ele e todos esses outros malditos elfos. Ao menos é esse o pensamento que me sustém enquanto procuro oxigênio no ar. Meus braços, juro pelo Seldarine Sombrio, não os sinto mais. Há sangue sobre meu corpo e é apenas meu sangue. Meus cabelos caem em desalinho sobre o meu rosto e misturam-se ao meu suor e confusão. É a 14ª espada que se quebra. É a décima quinta que me é apresentada. Estou cercado por olhares curiosos. Isto é um circo e eu sou o espetáculo.

Diante de mim, o elfo do sol continua me olhando como se eu fosse só um parceiro de dança, não uma ameaça real, não alguém que poderia cortar-lhe os dedos da maldita mão direita e enfiar todos eles em sua desgraçada boca! Seria o fim da infernal cantilena e daquela desdenhosa mão direita que parecia gritar que não era necessária ali. Mas aqueles floreios não eram normais. Não sabia o que era mais perigosa: a mão esquerda que atacava, ou a direita que dançava.

Alguém toma a minha mão com força suficiente para que eu sinta o gesto e força o agarrar de meus dedos contra o punho da bastarda. Sinto falta de minha espada longa, mas esta já se foi - destruída no primeiro embate.

O primeiro dia não foi diferente deste. Fui levado "gentilmente" à presença dAquele que é Hábil com a Espada. Ele disse querer me ajudar caso eu o mostrasse que não era mais drow do que as pedras de Bristar. Eu lhe disse que era impossível, que eu era tão drow quanto ele era elfo. Foi quando eu dei as costas para sair, foi quando tudo começou.

Não consigo sair deste lugar. Sou desafiado incessantemente por esse maldito esgrimista e vejo o clero de Eilistraee entre um momento e outro de consciência durante meus desmaios por exaustão ou perda de sangue. Juro ter visto o ferreiro e até ter trocado algumas palavras com ele, mas a verdade é que não sei se era apenas um delírio, sonho ou pesadelo.

"Vamos, drow!"

O grito me devolve à realidade. Dói tanto erguer a espada, que não parece mais doer. Isso não pode ser dor, deve ser a morte ou o que se obtém depois dela. Apoio-me na espada como se esta fosse uma bengala. Um gosto de sangue misturado ao cheiro do meu suor ganham a minha garganta quando inspiro fundo em busca de forças. Meus dedos mínimo e anelar estão dormentes, mal consigo enxergar bem com meu olho esquerdo. Tudo o que eu queria era também estar surdo quando aquela maldita cantoria recomeçar.

Para a minha surpresa, no entanto, é uma drow que se adianta na minha direção. Uma drow! Atrás dela, há outras 8. Todas portam espadas e vestem túnicas brancas.

"Olhe para mim, Lithanm, e diga se foi Eilistraee que o resgatou"

"Eu vi a deusa, mas fui eu e não ela que me trouxe até aqui"

Houve uma momentânea expressão de espanto. Eu não me aborreceria se cortassem a minha cabeça ali mesmo. Qualquer punição é melhor do que dois dias sendo surrado por um espadachim metido a cantor.

"Esta noite e em cada noite subsequente, uma de nós irá testá-lo. O dia pertence ao elfo do sol, mas com o chegar da lua, você nos pertencerá."

Noite e dia. Esquecerei o som de minhas palavras antes de esquecer o do clangor de espadas.

Maldita seja Ily'Aleera por me trazer aqui para morrer.

"Vamos, drow"

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